Só o ser humano faz Arte

A Arte é mais que expressão pessoal ou uma forma de conhecimento, é um ato de criação e como tal, um ato de Amor.

sábado, 21 de maio de 2011

Sobre o Amor



Amor não é apenas se envolver com uma pessoa
e achá-la perfeita,
ela não é exatamente a que habitou outrora nossos sonhos.
Não existem príncipes nem princesas encantados
isto são apenas nomeações terrenas,
títulos de nobreza...

Olhe a pessoa que você acha que ama
de forma sincera e real,
e exalte suas qualidades,
mas tenha em conta os seus defeitos
e ajude-a a superá-los.
Ame-a simples e totalmente como ela é
como se apresenta a você
assim como se ama uma flor
um animalzinho de estimação
O amor só é verdadeiro
quando encontramos alguém que nos aceita
e nos transforma no melhor que podemos ser.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

À teimosia dos objetos



É preciso arrumar a casa, sempre. Ainda que não a limpe, é preciso arrumar. Mesmo que não a faxine, é preciso arrumar as coisas, por tudo em seu devido lugar, todos os dias, sempre.
Hoje eu não arrumei a casa e os objetos ficaram provocadoramente fora do lugar, pedindo para que eu fosse arrumar a casa, mas eu não arrumei. Eu não quis ou estava sem forças para lutar contra o cansaço, porque cansei sim. Cansei de por todos os objetos no lugar. Como pessoas teimosas que me circundam a vida, esses objetos parece que têm vida. Eles insistem em ficar fora do lugar. Por exemplo: a pinha que eu ponho sempre na prateleira da estante de livros da sala de jantar, insiste em passear pela casa. A cada instante eu a vejo, e ela está em qualquer lugar, provocando-me em lembranças esquecidas, desviando-me dos afazeres cotidianos e banais para me fazer viajar pelos espaços distantes e longínquos das vagas recordações, atrasando-me, fazendo-me queimar o arroz, deixando-me surda aos apelos pueris que me circundam também como as pessoas teimosas...


É preciso arrumar a casa, sempre. Acordar e começar a por tudo no lugar, porque é a noite que os objetos se mexem. É a noite que eles passeiam pela casa e escolhem outro lugar que não é o seu e ficam lá, esperando amanhecer e eu me dar conta de que tenho que levantar para arrumar a casa, mesmo que eu esteja cheia de sono, mesmo que eu esteja cansada, mesmo que eu esteja irremediavelmente doente e sem forças, querendo permanecer como as coisas fora do lugar...porque quando me deito, ainda que não durma, eu não me incomodo com os objetos fora do lugar. Mantenho os olhos fechados e então, tudo faz sentido, ainda que aparentemente, os objetos estejam fora do lugar...

Sim, é preciso arrumar a casa porque eu tenho que levantar todos os dias e viver, fazendo coisas até o tempo acabar, até não haver mais nem um grão de areia para escorrer. Eu tenho que arrumar a casa e colocar tudo no lugar, ainda que não limpe, mesmo que não faxine, os objetos irão para o lugar e eu terminarei o dia satisfeita, com a sensação boba do trabalho bem feito, da obrigação cumprida, do dever atendido. E nunca, nunca mesmo, enquanto arrumar a casa, ouvir as provocações dos objetos!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

DIA DAS MÃES



Ser mulher é muito difícil, às vezes, até perigoso, como diria o grande Guimarães Rosa – é o diabo no meio da rua, no meio do redemoinho. Ser mãe, então, é bem pior, é estar no meio do redemoinho o tempo todo. Glamoures à parte, ser mãe é padecer, mas onde fica o paraíso?
Já é tempo de se exorcizar as frases feitas, os clichês, as ideias prontas, preconcebidas. Já é tempo de se dizer algo novo, mais realista, de se repensar as antigas ideias. Afinal, estamos no século XXI e a única coisa nova que vemos é o desenvolvimento tecnológico e o crescimento demográfico assolar a Terra e junto, suas nefastas consequências. De resto, a humanidade caminha como caminhou há milênios – a pé, em passos de tartaruga.



Ser mãe hoje é bem mais complicado que há décadas ou alguns séculos atrás. Tarefa árdua, a mesma de outrora, mas com o acréscimo diário de todas as exigências contemporâneas que o mundo impõe às mulheres. Talvez uma espécie de castigo por termos lutado pela igualdade de direitos... Me perdoem as feministas, mas acho que algo deu errado, e se era para ser isso que estamos vivendo hoje, que ficássemos como estávamos. Pelo menos nos dedicávamos a casa, a família e aos filhos e só. Continuamos com tudo isso e mais o emprego fora e a obrigação de nos mantermos bonitas, jovens, ativas, esbeltas, etecetera e tal. Mas a coisa está feita e mais uma vez, o homem saiu ganhando. Ficou mais fácil e cômodo ser homem. Que dificuldade um homem passa que não passe uma mulher? Mas eu direi umas tantas que uma mulher passa e que nenhum homem passa. É justo?



Desde a concepção até o nascimento, com a amamentação e a escolha da babá ou da creche, desde a primeira palavra, o primeiro passo até o primeiro beijo e o primeiro namoro, tudo e o tempo todo é com a mãe. A mãe faz, arruma, limpa, alimenta, provê, acontece e faz acontecer, divide, festeja, faz trabalhos, ajuda com a pesquisa, com o namorado... é uma lista interminável. E além de tudo isso, ainda paga, o que antes poderia se dizer ser a parte mais difícil que cabia ao homem-pai, hoje já não é assim.
Mas claro que me refiro às mães que são verdadeiramente mães. Mãe materna, mãe carinhosa, mãe generosa, mãe ouvinte, mãe doadora. Pra tudo há exceções na vida e para a figura da mãe também. Mãe é o abraço constante, é o colo mais gostoso e acolhedor, é o olhar mais amigo, é a palavra doce e o ouvido mais atento...mãe é a que ampara, orienta, é o gesto e a atitude mais acertada. Mãe é o amor descrito na carta de Paulo aos Coríntios. Sem isso, como viver? De que vale tudo que se pode alcançar, se não se tem este amor, este amor materno?
E hoje, no dia das mães, eu quero homenagear a todas estas mães amorosas, sejam elas solteiras, casadas, viúvas ou separadas... sejam elas novas, adolescentes, maduras ou já idosas, sejam elas ricas ou pobres, operárias ou presidentas, sejam elas artistas ou artesãs, professoras ou executivas, sejam também as fracas e não só as fortes, as que se deixaram escravizar e levar por este mundo masculino...enfim, minha homenagem também as que se tornam mãe sem pais porque sua alma gêmea é feminina.



Minha homenagem às Palmiras, às Olgas, às Marlenes, às Roses, às Fridas, às Jandiras, às Elviras, às Madalenas, às Saras e a todos os nomes em todas as línguas da mulher-mãe. Minha homenagem às verdadeiras mães que não se armam contra os filhos, que não cobram de seus filhos as mesmas legendas políticas ou credos religiosos para poder ajudá-los, ampará-los ou acolhê-los em seus seios. Minha homenagem a este coração humano, a este eterno feminino presente em todas as raças e crenças que não alijaram a figura da mulher de suas sociedades.Uma homenagem especial às parteiras e obstetras que ajudam neste milagre, especialmente a fadinha que me auxiliou mais de uma vez! Minha homenagem à Maria, à Isis, à Isthar e às tantas deusas e mitos maternos que sempre consolaram os homens e toda a Humanidade nos seus momentos de dúvida, medos e aflições. Minha homenagem à Grande mãe Terra, que ela se apiede de nós, de nossos erros e abusos e nos permita andar em paz por este planeta ainda por muitos séculos e séculos.



Ser mãe é ser um grande coração, um coração tão vasto e espaçoso onde sempre cabe mais de um e onde o perdão e a compreensão inundam nossas vidas tão difíceis e imperfeitas. Neste dia e para todos os dias que se seguem, minha homenagem às Mães!