Só o ser humano faz Arte

A Arte é mais que expressão pessoal ou uma forma de conhecimento, é um ato de criação e como tal, um ato de Amor.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Silêncio



Silêncio...
o sino austero calou-se
o chamado extinguiu-se
a comunidade ensurdecida
não ouve mais
não o sino da tradição,
mas o toque de Deus
o toque para alma
desperta!
atende!
lembra que não és só carne!

O sino da igreja foi silenciado
como poluição sonora!
e os carros, meu Deus!
e tantos ônibus e caminhões
e mais todos os sons criados pelo homem
maquina
todos tão modernos
constantes
e o burburinho surdo de todos os aparelhos ligados
vinte quatro horas por dia
computadores, televisões, eletrodomésticos
e tanas outras tolas necessidades
e só o sino da igreja poluía
o ouvido incrédulo
o ouvido ateu
o ouvido da matéria inerte
que não suportou e temeu
rachar!
e os cães
e os gatos à noite
e os pássaros pela manhã
Vamos silenciá-los também?

Silenciou-se o sino da igreja
e os fiés terão que ficar
cada vez mais atentos
porque o chamado agora
ecoa surdo dentro
na memória da alma.

Amanhecer



Depois das trevas intensas
do vento atroz
e do silêncio cortante
chora em pequenas gotas
a esperança que se pensava perdida
E da madrugada escura e austera
surge em longos braços róseos
a aurora clareando o dia.

(in: Meio Fio de Cristina Danois)

sábado, 16 de abril de 2011

Mais um poema...


Noites do sul

As noites tardam a chegar
neste verão mais ao sul
e o céu róseo permanece emoldurando
a araucária quase solitária
encimando o silêncio que desce
aos poucos
em gotas escuras
Revelam-se as estrelas
sob este céu interior
orgulhosamente
e o anel lácteo mais intenso
brilha nesta noite quente
sem nenhum vento
que tragam vozes ou risos.

As noites tardam
porque neste verão
meu coração estacionou mais ao sul
e permaneceu emoldurado
de tristezas distantes
e silêncios eternos
aos poucos gotejando
na minha alma revelada
sem orgulho
que fitando o horizonte escuro
ardeu nesta noite quente
sem ventos
nem outros movimentos

Neste verão ao sul
as noites alongam-se
e tardam quentes
sem nenhum vento
até que a madrugada cante
o eterno minuano!